domingo, 31 de outubro de 2010

Como os discursos mudam!

sábado, 30 de outubro de 2010

O grande imitador


Publicação Revista Veja

Como se sabe, a forma mais sincera de elogio é a imitação. Uma pesquisa fotográfica mostra que, por esse prisma, Lula é um elogio itinerante ao ditador Fidel Castro, sucessor do ditador Fulgencio Batista em Cuba

Fidel Castro põe um par de óculos escuros em 1999 e Lula também, dez anos depois. Fidel troca de lugar com fotógrafos em 2004. Lula repete a piada em 2009 - Fotomontagem: Robson Fernandjes/AE - Christophe Simon/AFP - Adalberto roque/AFP - Ed Ferreira/AE 

Homem ou mulher, branquelo nórdico ou negro africano retinto, alto ou baixo, burro ou inteligente, gordo ou magro... O diretor de cinema Otto Preminger (1905-1986), americano nascido na Áustria, achava as classificações das pessoas listadas acima imperfeitas e incompletas. Para ele, no fundo, só existem pessoas de dois tipos: as que nasceram para estar diante das câmeras e as destinadas a ficar atrás delas. Lula e Fidel Castro são, sem dúvida, seres humanos do primeiro tipo na estrita divisão feita por Otto Preminger. O diretor de Laura, Anatomia de um Crime e O Cardeal prezava igualmente outra maneira de classificar os atores talentosos: há os que lapidam suas qualidades inatas por meio da imitação de outros melhores do que eles e os que escorregam pela vida e pela carreira impulsionados apenas pelos dons trazidos do berço. Lula e Fidel figuram também na primeira categoria de atores da tabela Preminger.
A imitação dos mestres é um método conhecido e aprovado para abrir um atalho na caminhada evolutiva em qualquer carreira. Cícero e Quintiliano, mestres romanos da oratória clássica, discordavam sobre muitos aspectos da retórica, mas estavam de acordo no aconselhamento a seus discípulos sobre a importância de começar pela imitação, deixando para desenvolver estilo próprio mais tarde, depois de firmada sua reputação. Deveria copiar-se principalmente o actio, ou seja, a entonação, o gestual, as expressões faciais, a linguagem corporal. Eles, muito mais do que as palavras, são, na visão dos mestres, os verdadeiros elementos da persuasão. Atores e políticos devem abusar deles para magnetizar as plateias.


Castro antes e Lula depois. Enfatizar a fala com um dos indicadores em riste é natural. Usar os dois requer um modelo, e um certo treino - Fotomontagem: Sipa Press - Mauricio lima/AFP - Adalberto Roque/AFP - Roberto Stuckert Filho/Ag. Globo

A aula magna da Universidade Roma Três a ser ministrada no próximo dia 10 de novembro versará sobre os elementos do discurso político. Informa o programa que o destaque será o papel dos gestos na comunicação e na persuasão. O professor não será Fidel Castro. Mas poderia ser. A escola italiana se junta a dezenas de outras na Europa e nos Estados Unidos que buscam descobrir se certas posturas corporais, gestos e expressões faciais específicas são comprovadamente eficientes no convencimento das audiências. Será possível provar cientificamente que determinadas entonações de voz ou trejeitos são inerentes aos oradores que pretendem não apenas argumentar mas convencer seus ouvintes? Será que o apelo à emoção e o gestual dramático superam sempre outras formas de expressão oral mais racionais e contidas? Pode-se aprender a ser carismático em um palanque ou no palco apenas repetindo gestos de oradores comprovadamente carismáticos? Esses estudos estão apenas no começo, mas são fascinantes.      
Talvez os estudiosos possam chegar um dia a uma gramática corporal e facial que permita mesmo aos mais desajeitados oradores tornar-se perfeitos senhores do palco? Se a pessoa já tiver nascido para, na classificação de Preminger, viver diante das câmeras, é bastante provável que a resposta seja sim. O melhor caminho, desde os romanos, é a imitação de um ídolo. Fidel Castro é um dos ídolos de Lula. Foram tantas as visitas do brasileiro a Cuba, antes e depois de se tornar presidente, que ele deve ter mais horas de assistência de discursos de Fidel (os curtos são de três horas e os longos podem passar de dez) do que de qualquer outro político brasileiro ou internacional. Consciente ou inconscientemente, Lula assimilou o estilo de Fidel Castro. O mestre é mais culto e mais carismático do que o pupilo brasileiro — mas Lula já ganha de Hugo Chávez, outro notório imitador do cubano.  
Estas páginas foram ilustradas com gestos de Lula claramente copiados de Fidel Castro. Alguns deles não são privativos do mestre cubano e do aluno brasileiro. É o caso do gesto de apontar o indicador para um chefe de estado estrangeiro. Quando presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton não perdia uma chance de usar o truque. Fidel e Lula idem. Na maioria das vezes, estão simplesmente apontando a um visitante ilustre o lugar reservado a ele pelo cerimonial. Nas fotos, porém, o gesto dá a impressão de que quem aponta o dedo é o “mandatário alfa”, aquele que está no comando da situação, indicando caminhos a um colega desorientado ou sem muita convicção.
O mandamento corporal de Fidel: diante de um mandatário estrangeiro, aponte-lhe o dedo. As fotos vão mostrá-lo no comando da situação. Castro em 1998 e Lula em 2007- Fotomontagem: Zoraida Diaz/Reuters - Sergio Moraes/Reuters

Monoglota, Lula se beneficia bastante de um truque de Fidel Castro — o de falar sempre mais do que o interlocutor, de forma que nas fotos ele pareça estar ensinando ao colega alguma coisa. No caso de Lula, a mágica da “boca aberta, pois a foto não tem som”, é ainda mais eficiente. Com frequência Lula aparece nas fotos oficiais falando com a maior tranquilidade a interlocutores russos, alemães, árabes, israelenses, africanos, como se dominasse o idioma deles. Fidel Castro fez desse um jogo de cena clássico de seu arsenal, pois, mesmo dependendo vitalmente das doações anuais bilionárias dos soviéticos para sua ilha não soçobrar, aparecia nas fotos como se ensinasse alguma coisa aos velhinhos do Kremlin.
A fronteira entre a eficiência e o grotesco é tênue nas traquinagens de Fidel aprendidas por Lula. O patrono desse teatralismo de palanque é Adolf Hitler, que, por sua vez, aprendeu tudo com um comediante de Munique, Ferdl Weiss. Os cubanos chamam Castro de “El comediante en jefe”.

Adolf Hitler, líder nazista que chegou a ter 90% de aprovação nas pesquisas, aprendeu a gesticular com um comediante de Munique. Heinrich Hoffmann, seu fotógrafo particular, fez uma sensacional sequência de fotos do chefe ensaiando e as publicou em livro em 1939. Charles Chaplin estudou essas fotos para compor sua paródia de Hitler no inesquecível filme O Grande Ditador, de 1940 - Fotomontagem: AKG/Latin Stock - AFP

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um governo que era tampão, no entanto, aumentou-se o buraco

Como diz o adágio “a corda sempre quebra para o lado mais fraco”. Essa é a visão de mundo capitalista. É um embate onde sempre tem um vencedor e um perdedor.
Mais uma vez o povo é quem perde. O que era ruim ficou muito pior. O PLANSAÚDE, que há muito tempo é dor de cabeça, agora é dor no corpo todo. Se não bastassem as dificuldades para conseguir atendimento pelo plano agora os hospitais de Palmas suspenderam de vez as internações e os procedimentos cirúrgicos (Jornal do Tocantins, 26/10/2010).
E como fica o servidor e seus familiares?
A incompetência neste governo surgiu como um efeito dominó. Começa no primeiro e vai derrubando a todos que encontra pela frente. O que era para ser um tampão, nada se tapou e buraco aumentou. Agora é preciso fazer cortes de gastos, a população sofre, e o Plansaúde está na UTI, o servidor paga o preço. Os descontos nos holerites, é claro, continuam.   

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Trabalhar 6 horas corridas: o funcionalismo ganha e quem paga o preço é o povo

Publicado no PORTAL O NORTE


Por que reduzir a jornada de trabalho para seis horas diárias? Por que só após as eleições é que se fala em cortes de gastos?

Segundo a SECOM a “medida tem como objetivo contribuir com a contenção de despesas operacionais dos órgãos e entidades do Poder Executivo, sem, contudo, prejudicar a produtividade e o atendimento no âmbito da prestação do serviço público”. Será mesmo que não prejudica a produtividade?

Estado em colapso

Esta atitude reforça a tese de um Estado à beira de um colapso, ou melhor, falência. Administrar não é só uma questão de boa vontade, vai mais além. É necessário possuir, além da idoneidade moral, um vasto conhecimento para lidar com situações diversas e jamais onerar o cidadão diante das “panes” da administração.

A falência do nosso Estado é bem visível. Vamos observar o sistema prisional, a qualidade dos nossos postos de saúde e hospitais, das nossas escolas, das nossas cidades, enfim, vamos observar a nossa qualidade de vida e veremos quão delicada é a situação atual.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o próximo ano propõe um aumento nos repasses para algumas instituições (TJ, TCE, Ministério Público Estadual e Defensoria). Sou plenamente favorável ao aumento de repasse, no entanto, não dessa forma, impensada, com o pleno objetivo de prejudicar a próxima administração, pois, o único prejudicado será o cidadão.

Questiono também se essa redução na jornada de trabalho não é outra forma de tentar prejudicar a próxima administração e o povo tocantinense. É algo a ser pensado com cautela.

Nós, brasileiros, pagamos uma taxa de 10,75% de juros anualmente que serve tanto para sustentar a(s) farra(s) nos Poderes quanto para termos à nossa disposição condições mínimas de sobrevivência, infelizmente. Pagamos mais juros do que os países desenvolvidos como China, Japão, Estados Unidos etc.

É preciso respeitar o cidadão tocantinense! O que percebemos é o descaso. O próximo governo não terá margem para investimento pelo fato que a bancada governista quer aprovar uma LDO onerosa, onde privilegia algumas instituições e esquece-se do povo.

O serviço público

Outro descaso é a terceirização do serviço público do qual é marca registrada deste governo. A Constituição Federal é clara no que concerne à forma de investidura no serviço público: o ingresso far-se-á através de provas ou provas e títulos.

O que temos é um grande número de servidores aglomerados em um só local e prestando um péssimo serviço. O interessante é que muitas repartições públicas recepcionam o cidadão com a frase do artigo 331 do Código Penal: “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa”. Será por quê? E novamente, quem paga o preço é o povo!

Veremos que notícia sairá hoje, 26, no final da votação da LDO pelos senhores deputados estaduais.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tocantins tem a maior tarifa de energia da região Norte

Publicado no Jornal Primeira Página Edição Nº 957 - 25/10 a 31/10/2010

Apesar de o Estado produzir energia em abundância, a tarifa é a 3ª mais cara do Brasil. O que resulta do alto custo dos impostos que já vem embutidos na conta do consumidor tocantinense.
Os Estados em que a energia sai mais pesada no bolso da população, além de Tocantins, são Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Certamente, depois do grupo alimentos, a energia elétrica está entre as despesas mais expressivas da população de baixa renda. 
O Tocantins, é o terceiro estado do país que mais cobra pelo killowatt-hora (Kw/h), em nosso Estado, segundo levantamento da própria ANEEL, o consumidor paga 0,41807 pelo benefício. Enquanto que, no Amapá, o custo do Kw/h não passa de R$ 0,19729.
O Brasil é campeão mundial em uma categoria nada honrosa: cobrança de impostos e encargos na conta de luz. O consumidor pode não saber para onde vai o dinheiro, mas sente no bolso: do valor total da conta, 43,7% são encargos, tributos e impostos, afirma o Instituto Acende Brasil, com base em dados da consultoria Pricewaterhouse Coopers.
Ou seja: de cada R$ 100 na conta do consumidor, R$ 43,7 vão direto para os cofres públicos. O consumidor paga uma série de encargos que a fatura não mostra – alguns deles sem nenhuma necessidade.
Uma dessas contribuições vencidas pelo tempo é a Reserva Global de Reversão. Criada para cobrir gastos da União com indenizações caso uma concessão tivesse que ser revogada, o tributo hoje financia políticas públicas da Eletrobrás. Sendo que o governo não precisa mais dessa verba.
Outra taxa, a TFSEE, foi criada para cobrir os custos de funcionamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Entre outros encargos, também está embutida a Conta de Consumo de Combustível (CCC). Cobrada em todas as contas, a CCC foi instituída para subsidiar a energia consumida na Região Norte do país, onde o custo é mais alto por causa das usinas que funcionam a combustível fóssil, como carvão. O que não é o caso do Tocantins.
Em 2002, o faturamento do Estado com o ICMS arrecadado pela Celtins foi de R$ 36 milhões. Em 2009, essa arrecadação chegou a R$ 104 milhões. Um aumento de 180%.

Saiba onde se paga mais caro, no País, pelo consumo de energia elétrica em kWh

Concessionária B1 Residencial (R$/kWh)
EMG 0,43907
UHENPAL 0,42086
CELTINS 0,41807
CEMAR (Interligado) 0,41392
COELCE 0,40199
CLFM 0,38851
EFLJC 0,38626
RGE 0,38429
CHESP 0,38426
CEMIG-D 0,37624
ELFSM 0,37573
AMPLA 0,37394
CEPISA 0,37314
IENERGIA 0,37183
CELPA (Interligado) 0,36990
ELETROCAR 0,36920
DEMEI 0,36764
ELEKTRO 0,36604
CEMAT (Interligado) 0,36483
FORCEL 0,36405
SULGIPE 0,36387
ENERSUL (Interligado) 0,36346
CSPE 0,36183
HIDROPAN 0,36026
COOPERALIANÇA 0,35786
CLFSC 0,35410
ELETROACRE 0,34952
EPB 0,34886
CPEE 0,34867
COELBA 0,34858
EEB 0,34503
CEAL 0,33363

Concessionária B1 Residencial (R$/kWh)

ENF 0,33311
COCEL 0,33214
ESCELSA 0,32889
MUX-Energia 0,32609
CELESC-DIS 0,32499
COSERN 0,32365
CELPE 0,31929
CERON 0,31806
EFLUL 0,31736
CNEE 0,31201
LIGHT 0,31143
AmE 0,31024
CERR 0,30839
CPFL-Paulista 0,30770
DMEPC 0,30642
ESE 0,30495
CEEE-D 0,30410
CFLO 0,30410
JARI 0,30345
BANDEIRANTE 0,30146
COPEL-DIS 0,30000
EDEVP 0,29901
ELETROPAULO 0,29651
AES-SUL 0,29637
CPFL- Piratininga 0,29549
CELG-D 0,29353
CJE 0,28636
CAIUÁ-D 0,28195
CEB-DIS 0,27952
Boa Vista 0,26356
EBO 0,25757
CEA 0,19729

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Araguaína: cidade abandonada.

Publicado em Portal O Norte

Se não bastassem os buracos nas ruas, agora temos os semáforos que não funcionam, uma rede de esgoto que custa 80% da fatura de água, um legislativo inoperante e nenhum representante eficiente na Assembleia Legislativa. Pode ficar pior!

Estou crente de que a fala do nobre deputado federal Tiririca não se sustenta. O “pior do que tá não fica” vem sendo menosprezado a todo instante em Araguaína e a coisa vai ficando pior. A começar pela total ineficiência da administração municipal. Uma administração inativa em todos os sentidos: saúde, educação, esporte, cultura e lazer.

Os buracos, que em muito se confundem com crateras, há tempos pertencem à “paisagem araguainense”. No início, a desculpa era a chuva; a chuva passou, veio o período seco e não tivemos nem mais as desculpas. As chuvas já estão quase voltando e nada foi feito. Ter boas intenções não resolve muitas coisas não, prefeito Valuar. Precisamos de ações que vão além das simples intenções. Se é que existem!

A sinalização de trânsito da nossa cidade está sucateada. Há mais de duas semanas os principais semáforos do centro estão inativos, sem contarmos que todos são arcaicos e em números insuficientes. Aliás, temos um trânsito caótico devido a uma sinalização deficiente.


Será que o poder público vai esperar que acidentes aconteçam para tomar providências? Cadê o Ministério Público que tem, dentre outras, a função de defensor dos direitos coletivos? Será que ninguém percebe que esta administração está sendo marcada por atos de improbidade administrativa?


Para conseguir uma consulta médica nos postos de saúde é necessário dormir de um dia para o outro. E essa festa do descaso é assistida por nossas autoridades municipais de camarote. Temos um legislativo municipal inoperante. Não estão cumprindo sequer com seu papel de fiscalizador do executivo. No legislativo estadual não temos nenhum representante mesmo sendo o segundo maior colégio eleitoral do Estado. Talvez alguém esteja lembrando do deputado estadual Raimundo Palito (PP) que diz ser de Araguaína. Não considero que seja, pois não encontramos sequer um escritório político por aqui e, muito menos, benefícios trazidos por ele. Se existirem, me mostre!


Se não bastasse tudo isso, estamos acompanhando a má aplicação dos recursos públicos no dito “recapeamento de ruas”. É importante ressaltar que não se trata de recapeamento, é uma pintura afim de esconder os buracos. É o dinheiro do público saindo pelo ralo através de serviços paliativos e de péssima qualidade. E muito mais: para dispormos de um ‘quase-esgoto’ devemos pagar 80% a mais da fatura de água, o que é um absurdo. Não temos garantido um direito básico sem sermos explorados.


É assim que vamos vivendo: acreditando que “pior não fica”, porém nos desiludindo a todo o momento. Quero fazer-lhe um pedido excelentíssimo senhor prefeito Valuar Barros: renuncie ao cargo para o bem de todos os araguaineses.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A influência da educação em nossas escolhas

Qual a relação existente entre as escolhas de uma nação e seu respectivo nível educacional? Para esta pergunta, podemos ter diversas respostas e, muitas delas, certamente, convergirão para àquela que mostra uma íntima relação entre a qualidade de nossas escolhas e a qualidade da educação.
Segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE (maio/2010) a Educação (27%) é a terceira área considerada mais problemática no País. O ensino fica lado a lado de questões como drogas e empregos (29%), e atrás somente da saúde (66%) e segurança pública (42%) na preocupação dos eleitores. Ainda de acordo com os entrevistados a Educação Básica merece atenção especial do próximo presidente e ela aparece em quarto lugar entre áreas consideradas prioritárias e que podem ajudar a solucionar os problemas nacionais. Na avaliação da qualidade educacional 44% dizem está regular, 21% ruim/péssimo e 34% ótimo/boa. Já para 51% a educação está melhorando em ritmo lento. Mas o que isso tem haver com o resultado das eleições?

Nestas eleições tivemos vários “fenômenos” eleitos com maioria de votos. Vou ater-me ao palhaço Tiririca que foi eleito com 1.353.820 votos. Quero acreditar que foram votos de protestos e não escolhas fiéis. No entanto, estes eleitores talvez não imaginassem que estariam elegendo outras pessoas que não eram “dignas” de tal confiança. Com ele foi mais três federais, inclusive o Delegado Protógenes. Para quem não lembra, ele comandou a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity; o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta; e o megainvestidor Naji Nahas. Depois foi indiciado criminalmente pela PF em dois crimes: quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações. Ele teria sido responsável pelo vazamento de dados secretos da Satiagraha e, tal conduta, na avaliação da PF, caracteriza quebra do sigilo funcional. Também não podemos esquecer do mito Paulo Maluf que conseguiu quase meio milhão de votos e que caso sejam computados vai levar dois federais com ele.

O que os eleitores do Tiririca têm em comum com os de Maluf? A forma de protestar ou um pouco de analfabetismo funcional? Esta é realmente a melhor maneira de protestar? Qual o pior: um palhaço analfabeto ou um corrupto que se diz ficha limpa? O que os dois (e muitos outros eleitos) tem pra nos oferecer enquanto deputados federais?

Vejamos a relação entre as péssimas escolhas e o nível intelectual do nosso povo. Segundo o IBGE, 20% dos brasileiros não conseguem compreender textos, enunciados matemáticos e estabelecer relações entre assuntos, apesar de saberem ler e escrever, ou seja, são analfabetos funcionais e tem menos de quatro anos de estudo. No ano passado, o analfabetismo atingiu 14,1 milhões de brasileiros (9,7% da população). O número é somente 1,8 ponto percentual menor do que em 2004.

A olhar pelos números, tivemos poucos investimentos na educação. E claro, para o bem dos corruptos, é melhor ter um analfabeto funcional em cada cinco brasileiros para que continuem elegendo pessoas com tamanho “despotencial” para nos representar. Deduz-se que o crivo do nosso eleitor é um tanto quanto deturpado da atividade crítica realizada pelos alfabetizados. A moralização política começa pelo investimento na educação. Somente através dela é que seremos capazes de nos livrar da ignorância que nos conduz às péssimas escolhas.

Estou convicto de que realmente existem compras de votos. Quando percebi que algumas pessoas foram eleitas em nosso Estado sem nenhum serviço prestado à comunidade e que outros, mesmo sem mandato, trabalham pelo povo e não tiveram este mesmo privilégio. O povo precisa de qualidade na educação para saber escolher, caso contrário, a corrupção vai continuar afrontando a vida da pequena parcela de nossa sociedade que ainda não se corrompeu.

Publicado na coluna 'Espaço Aberto' do Portal O Norte - http://www.portalonorte.com.br/ 

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