sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Em cada MOMENTO de nossas vidas.

Existem momentos em que o silêncio ultrapassa o consolo das palavras;

Existem momentos em que as palavras se desgastam pela calmaria do silêncio;
Nossos gestos, nossos olhares, nosso sorriso,
Tudo são meios de expressão cruciais, tanto para quem dá quanto para quem recebe;
Aliás, são estes momentos cruciais que nos inspiram a viver.
Entretanto, existem instantes em que as palavras banalizam o aconchego do silêncio, desgastando o pêndulo das nossas emoções.
Por que é tão difícil vivermos intensamente a nossa vida?
Às vezes procuramos à felicidade onde só encontraremos tribulações.
Às vezes procuramos o amor onde só encontraremos discórdias.
Às vezes esquecemos de nossa existência, tratamos-nos como máquinas, desprezamos a si mesmos, não mais acreditamos que somos capazes, não nos valorizamos como seres insubstituíveis, trocam-nos por tecnologia, pois elas produzem mais, dão mais lucros...
No mundo capitalista, enterramos nossos mais preciosos tesouros: a vida e os valores.
É hora de refletirmos...

Nas lonjuras do Tocantins


Nas lonjuras do Tocantins, o tempo de tão quente, o sol radiante, faz com que o forasteiro, despercebido do clima, franja a testa que alumia no sol das duas da tarde. Hora ou outra aquele forasteiro leva sua camisa até o rosto para enxugar seu sofrimento com um gosto salgado.

As lonjuras do norte do Tocantins. Cidades pacatas, povo humilde e hospitaleiro, apreciam uma suave conversa com o vizinho ou mesmo do vizinho ou de quem passa naquele momento. O papo dos finais de tardes. O desgaste da língua na vida do outro. As comadres não perdem o babado sobre aquele moço novato na cidade ou mesmo daqueles que injustiçadamente se embriagaram na noite e amanheceram no relento das ruas.
 Tudo é motivo de comentários. Quando o Sol está quente, aquela pobre arvore serve de abrigo àquele grupo de jovens que deserdam o trabalho e vive como andarilhos pelas sombras. Isto é o que chamam de “rádio pião”. Os grupos de novos e velhos que dão notícias de tudo que acontecem nas cidadezinhas. O povo do “fulano disse que disse”. O mais importante é o Fulano e o Cicrano. O fuxico vale mais que as notícias do Jornal Nacional.

Tardezinha é sempre um momento de “reflexão”. Até mesmo a igreja é ponto de “reflexão”. Seja do fuxico ou de oração. Ô vida tranquila, povo hospitaleiro e Sol ardente. Ô calor ferrenho das lonjuras do norte do Tocantins. As carecas iluminadas no sol refletem bem a vida do sertanejo trabalhador de roça e alguns aposentados que manejam o seu dinheiro para as pequenas farmácias a fim de viverem um pouco mais sobre aquele Sol tenebroso. Às vezes, em alguns aparenta terem levado um banho de óleo ao Sol. Com tanta emissão de CO2 na atmosfera as arvores ainda sobrevivem e servem como um refúgio ao pobre sertanejo. Nas lonjuras de todo o Norte brasileiro.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ainda temos tempo!

O tempo da vida
A vida no tempo
Tão efêmera se conduz
E o que fazemos para reacender a luz?

...A claridade da humildade
À luz da caridade
Do tempo que não se espera
Do sonho que se esmera

Mas... que pro ontem já é tarde
Pro amanhã não se espera
Pro hoje ainda existem “momentos” a espera...

De fazer amor, de agradecer com carinho,
De viver para pensar, e...
Pensar para viver... Ainda existe tempo...
Pense!

...Um “louco” pensador.


“O medo de errar intimida a muitas pessoas... mas não aquelas que realmente querem tentar”...

Quando chega a noite, bem luminosa com suas milhares de estrelas, que lanção inspirações nos poetas sofridos e desestruturados pela solidão, lá está eu e meu grande amigo, nos deixamos levar pelas ondas dos devaneios, das lembranças e dos desejos, dos sonhos e das felicidades incondizentes.
Bem... Mas quando a noite cai (que não seja em cima de mim) na aurora de sua madrugada fria, onde se possa, unicamente, ouvir os grilos com suas incômodas melodias, os pingos d’água caindo da torneira ao lado do meu quarto, o som da escuridão, o meu velho violão encostado na parede, que sempre quando olho pra ele, reflete minha imagem no seu tom escurecido, a minha velha cama toda barulhenta, com um colchão que já não dispõe mais de tanta suavidade e aconchego e, as saudades que me trazem as lembranças que me fazem refletir... às vezes querendo reviver alguns momentos aprisionados nas grades do passado.
E estando muito longe de minha pátria, convido meu grande amigo e começo a compartilhar tudo com ele. Quando o peguei pelo braço e levei até meu quarto, percebi seu olhar assustado vendo tal desordem. Apesar de ele ser muito pequeno, os calçados estavam espalhados, alguns livros jogados ao chão e outros amontoados juntamente com roupas... é bem melhor assim! Sinto-me mais livre.
...E, no clarão do vagão. Já se passavam das duas e meia da madrugada, eu sem sono falei ao Branquelo (é assim que o chamo).
- Muitas pessoas dizem que sou louco, só porque às vezes digo frases e pensamentos que são, quase sempre, contundentes. Entretanto, eu mesmo disse outro dia: de que adiantaria criticar se não fosse criticado também? Gosto de criar uma discussão proveitosa acerca de temas sobre os quais muitos se omitem a falar, mas, o pior disso tudo é que sou quase sempre mal interpretado por estes malucos, o problema é porque eles estão alienados aos erros, e eu não. É porque não escolho cara para lutar, mas sim causas.
- Sempre fiz questão que meu amigo Branquelo, arquivasse todas as minhas loucuras, tudo porque talvez, um dia, nasça um louco que também, ande pelas noites olhando para o céu e desejando desenvolver equações matemáticas que dessem a exata precisão da distância entre a terra e as estrelas sem utilizar de tecnologias tão sofisticadas, um louco que corre da universidade até sua casa debaixo de chuva, um louco que não se preocupa muito com os palavreados agressores de outras pessoas, um louco que pouco se preocupa em ser um majestoso conhecido da mídia, mas escreve expressando o real e seus sentimentos. Porque assim sou eu. E se um dia nascer alguém com todas estas qualidades, gostaria muito de conhecê-lo e tenho certeza que faria o mesmo.
Gosto de questionar os intitulados “Deuses do conhecimento” e sou fiel ao Deus da humildade, do amor e da sabedoria. Sou louco porque defendo uma educação voltada não somente para o conhecimento, mas também para os valores e respeito aos menos favorecidos e não para as bases capitalistas, visando simplesmente lucros. Sou louco porque digo que o homem destruirá a si mesmo com sua arrogância.
“A cisão do homem para com o nosso criador faz-nos ficar restrito aos conhecimentos e sabedorias a nós concedidos”.
Dizem que sou louco, porque defendo que deveríamos deixar um pouco o corre-corre do dia-a-dia e desfrutar de nossas vidas com mais intensidade e amor, pararmos de pensar em bens materiais, cogitar na próxima vida. Sou mais louco ainda, porque condeno o aborto, defendo a paz e principalmente, minha cultura brasileira, e que jamais esqueçamos da nossa amazônia. Contudo, a vida mesmo assim é muito bela.
“Que viva os séculos para cada compreensão e que percorra o mundo para cada conclusão”.
“Pensamentos que são paradoxo para indivíduos inabitados de sabedorias, sempre afligirão uma sociedade medíocre e hipócrita”.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

EMOÇÕES


Falando de mim mesmo

Falar de si mesmo.
Pode ser fácil, pode ser difícil, ou, pode não haver sentido ou até mesmo prazer em falar de si mesmo.
Sua vida irá lhes dizer. Se vai bem, se vai mal, sem sentido, sem sentimentos, sem amor, sem amores...
Falar de si mesmo é colocar-se na primeira pessoa e nunca na segunda. Se colocar na primeira pessoa não é se sentir o maior ou o melhor. É sentir-se o menor em ignorância e o maior em humildade. O menor em desamor e o maior em amor. O menor em solidão e o maior em compaixão. O menor em mesquinhagem e o maior em gratidão. Enfim...
Porque, grande é o homem que é pequeno aos olhos do mundo.

"O medo de errar intimida a muitos, mas não àqueles que realmente querem tentar."

quinta-feira, 16 de abril de 2009

INSPIRAÇÕES DE DEUS

Mensagens para o dia-a-dia
ARNALDO FILHO

"Está reservado a cada um 
de nós o lugar que merecemos".

"Os números compõem a vida e a vida compõe o mundo".

"Grande é o homem que é pequeno aos olhos do mundo".

“Satisfazer o homem com bonitas palavras é desagradar a Deus em seus preceitos e crescer para um mundo reles”.

“Não muito me preocupo no que os outro pensam sobre mim, mas no que realmente s
ou para mim”.

“Pensamentos quando bem pensados, são valiosos tesouros para toda a eternidade”.

“A pior coisa na vida é não ter uma coisa para se preocupar”.
“A pior dor é aquela que não pode ser expressa por palavras”.

“A análise é parte principal da escolha”.

“O homem deve ser inteligente em suas decisões e sábio ao colocá-las em prática”.

“Todos pensam nas mais
 variadas situações, porém, nem todos refletem sobre as diversas conseqüências que advém de impensadas (re)ações por nós cometidas”.

“Vencer, ficou para todos, porém, lutar, para os que escolheram vencer”.

"Tudo na vida é importante. Mas existem duas coisas qu
e são de extrema importância: 1ª - Deus; 2ª - educação dos filhos de Deus".

"O segredo da resposta está no silêncio de quem a reflete".

"Luta nem sempre é sinônim
o de vitória, mas vitória sempre é sinônimo de Luta".

"Estudar matemática é estudar a vida e todas as suas 
entranhas".

"Se você quiser ser alguém na vida, não queira ser ninguém que não seja você mesmo".

"A humildade é a fonte de todo conhecimento existente no universo".

"Uma nação é mais bem conhecida pelo seu nível cultural".

" Nunca nenhum ser racional, prezado da carne que nos faz pecar contra o maior geômetra, chegará a um conhecimento das coisas que o circunscreve como indivíduo".

" Não há nada tão difícil que não possa ser ensinado e que não possa ser aprendido".

segunda-feira, 30 de março de 2009

CRÔNICA DA SEMANA

O GRANDE RUBENS
(Arnaldo Filho
)

Escola pública do interior do Tocantins, lá estuda o aluno Rubens, ou melhor, o Grande Rubens, nível fundamental, mais especificamente no 7º ano “B”. Este é um aluno que contraria aquela lei “do menino imperativo” da pedagogia. Aquela que pedagogos e psicólogos enchem a boca ao falarem quando percebem que o aluno é imperativo. A palavra da moda. Aliás, o Grande Rubens parece estar sempre no mundo da lua, estudando o abstrato, menos o conteúdo dado em sala. A aula pode até ser interessante, mas suas passadas são lentas. Parece carregar uma carga genética de lentidão, está sempre dizendo: oh professor! Não professor! Deixa-me embora, professor... Esse é o Grande Rubens, sempre dizendo que vai deixar comida na roça pro seu pai e por isso gostaria de sair mais cedo.
O Grande Rubens é diferente de todos os alunos da escola. Ao entrar na sala, põem sua cadeira próxima à porta e tira suas sandálias dos pés e os estira na entrada da sala. Dificilmente deixa seu trono, mas quando resolve levantar, sai arrastando os pés, atrapalhando os colegas e dando passos curtos e vagarosos.
Seus trabalhos são repletos de borrões e usa, preferencialmente, caneta vermelha, talvez para destacar dos outros ou mesmo fazer confusão com as possíveis respostas. Os seus professores procuram nas entrelinhas dos seus rabiscos algo que se pareça com a resposta.
Esse é o Grande Rubens, hora ou outra dar uma olhada pra fora da sala buscando algo que o distraia. Um moreno forte de 14 anos que parece andar sem destino, seu desanimo o faz repetir sempre a mesma frase: “eu não consigui fazer a terefa de casa”. Ele dificilmente tenta resolver seus problemas.
E não adianta falar-lhes da forma que Raul Seixas pregava em suas canções, como aquela que nos diz, “veja, não pense que a canção estar perdida, tenha fé em Deus tenha fé na vida, TENTE OUTRA VEZ”, ele jamais tenta.
Na hora da brincadeira, se for daquelas em que se usa a força, os colegas saem em desvantagem, se o negócio for futebol, a realidade se inverte. Neste momento Rubens fica sentado ou passeando pelo pátio procurando algo de errado pra dar conta.
Os professores é que sofrem nas mãos do Grande Rubens tentando mostrar-lhes um novo horizonte. Na hora da prova, a sua primeira pergunta é instigadora e quase sempre a mesma: “professor é de marcar?”. Sendo “de marcar”, resolve tudo rapidinho, não sendo, só assina o nome e faz aquela brincadeira do “mamãe mandou eu marcar essa daqui” e pronto.
Esse é o grande Rubens, o marcha lenta...

sexta-feira, 27 de março de 2009

MOMENTOS DE REFLEXÃO

SE QUISERMOS VENCER!
(Arnaldo Filho)

Se quisermos vencer, devemos renunciar a nossa ignorância, nossa estupidez, nossas fraquezas.
Devemos às vezes ir contra o nosso coração, deixando as pessoas que mais amamos para seguirmos em frente.
Se quisermos vencer devemos engolir a seco as mágoas, a solidão, o cansaço, o choro, enfim, devemos dizer não as coisas mundanas de prazeres carnais. Trazer a humildade para nossa mente e para o nosso coração.
Ainda se realmente quisermos vencer devemos ter muita fé em Deus para enfrentarmos nossos obstáculos não como meros empecilhos, mas como aprendizado e valorização pela luta. Não o bastante, devemos ter saudades daqueles que nos deixam com o coração dilacerado.
Sem esquecer da essência pela qual existe a vida. Pois, se quisermos vencer devemos amar, perdoar e muitas vezes humilhar-se.
As dificuldades são para que possamos caminhar com nossas próprias pernas; as saudades são para que possamos dá mais valor a tudo que temos, as lágrimas são para tirarmos as impurezas existentes dentro de nós; as perdas são para que possamos dá mais valor às pequenas vitórias; o sonho é para nos manter vivo e confiante; o amor é para que possamos amar mais nossos irmãos. Porque em tudo há uma razão pelo existir, mesmos nas pequenas coisas que por nós são desprezíveis.

“Luta nem sempre é sinônimo de vitória, mas vitória sempre é sinônimo de luta”.

“A pior hora para reconhecermos nossos erros é depois que já choramos por orgulho de não reconhecê-los”.

Zezão do Gato >> Arnaldo Filho >>


Já se passavam das vinte e uma horas da noite de sábado, quando, fui exaustivamente, surpreendido por um tenebroso barulho no meu portão, as batidas eram tão fortes que estremeciam o chão. Então, logo corri em direção as batidas, assim, meio que assustado, tropecei por cima de um tamborete, derrubei uma panela com arroz que estava sobre a mesa e quando cheguei lá, ele suspirava, quase sem fôlego.
Era o velho Zezão, meu vizinho, somos amigos desde crianças. Ele estava muito assustado, chorando pra valer.
- O que foi homi de Deus? Tu tá ficando maluco? - perguntei-lhe.
- Oh meu irmão, tu nem imagina a desgraça que acorreu em minha vida - chorou Zezão.
- Então fale criatura! Vamos... Depressa! Assim vou dar um ataque de nervos - disse-lhe.
- Foi tudo minha culpa Chico. Eu não devia...
- Oh homi danado, mermo na hora do desespero ele não fala o que está sentindo - murmurei.
Então corri e peguei uma jarra com água, de uns dois litros, e fiz com que ele bebesse toda a água para acalmar um pouco e me esclarecesse a situação.
Porém, Zezão estava tão louco que, na mesma medida em que a água descia em sua garganta ela saia nos seus olhos, também estava tão pálido que mais parecia um maracujá amarelado, expressando um sentimento enorme de culpa.
Aquela situação estava me deixando encucado, e depois de alguns minutos, quando pensei que tudo estava sob controle e eu finalmente saberia que bicho era esse que picou meu amigo, lá se vem a esposa do Zezão, a comadre Francisca e seus dois filho, o Zezão Filho e o Zezim do Tiquin – recebeu esse apelido de Tiquin, por que toda vez que saiam para comer fora, ele falava pra sua mãe que queria só um tiquin – como sempre escandalosos, gritando e chamando a atenção de toda vizinhança. Com isso, foram se aproximando muitas pessoas, “os curiosos”, se formando aquele alvoroço bem ao meio da rua, mais parecia o Iraque em guerra, todo mundo correndo assustado.
O compadre Zezão até que enfim se acalmou e, em seguida, abraçou sua esposa e seus dois filhos e convidou-me para acompanhá-los até sua casa. Eu muito curioso e ansioso também para saber do pepino, fui quase correndo.
Ali já se encontravam quase todos os moradores do bairro. Uns comentavam entre si:
- Será o que aconteceu? - perguntou um.
- Não faço a mínima idéia - disse outro.
- Será se foi a sogra dele que faleceu? – indagou um garotinho zombeteiro.
Um outro sem querer ficar pra trás, acrescentou:
- Se estivesse sido, seria motivo de alegria e não de tristeza!
Quando entrei em sua casa, ouvi um cochicho do compadre Zezão com a comadre Francisca citando a palavra caixão, fiquei mais aterrorizado à beira de um piripaque. Os vizinhos, mesmo sem serem convidados, foram entrando e se acomodando da maneira que podiam, foram tantas as pessoas que a sala já não suportava mais. Então Zezão me chamou dentro do seu quarto e disse-me:
- Eu não quero ver, Chico.
- O que meu irmão? - perguntei-lhe.
- O meu gato morto, coitadinho dele. Eu coloquei comida pra ele, mas se recusou a comer, talvez estivesse ruim. Então ele indignou-se e subiu no alto da casa e pulou. Foi um suicídio compadre. Devo ser condenado à forca, sou um covarde!
- Calma! Calma Zezão – disse-lhe.
Aos poucos toda aquela multidão foi saindo, e se podia ouvir algumas murmurações:
- Cada um com suas loucuras. Ele é maluco mesmo...
Depois daquele dia, todos no bairro passou a chamá-lo de Zezão do Gato.
Para ele, foi uma das maiores tragédias já acontecida em sua vida: “A morte de seu gato”.

Nas lonjuras do Tocantins >> Arnaldo Filho >>


Nas lonjuras do Tocantins, o tempo de tão quente, o sol radiante, faz com que o forasteiro, despercebido do clima, franja a testa que alumia no sol das duas da tarde. Hora ou outra aquele forasteiro leva sua camisa até o rosto para enxugar seu sofrimento com um gosto salgado.
As lonjuras do norte do Tocantins. Cidades pacatas, povo humilde e hospitaleiro, apreciam uma suave conversa com o vizinho ou mesmo do vizinho ou de quem passar na rua naquele momento. O papo dos finais de tardes. O desgaste da língua na vida do outro. As comadres não perdem o babado sobre aquele moço novato na cidade ou mesmo daqueles que injustiçadamente se embriagaram na noite e amanheceram no relento das ruas. Tudo é motivo de comentários. Se o sol está quente, aquela pobre arvore serve de abrigo àquele grupo de jovens que deserdam o trabalho e vive como andarilhos pelas sombras. Isto é o que chamam de “rádio pião”. Os grupos de novos e velhos que dão notícias de tudo que acontecem nas cidadezinhas. O povo do “fulano disse que disse”. O mais importante é o Fulano e o Cicrano. O fuxico vale mais que as notícias do jornal nacional.
Tardezinha é sempre um momento de “reflexão”. Até mesmo a igreja é ponto de “reflexão”. Seja do fuxico ou de oração. Ô vida tranqüila, povo hospitaleiro e sol ardente. Ô calor ferrenho das lonjuras do norte do Tocantins. As carecas iluminadas no sol refletem bem a vida do sertanejo trabalhador de roça e alguns aposentados que manejam o seu dinheiro para as pequenas farmácias a fim de viverem um pouco mais sobre aquele sol tenebroso. Às vezes, em alguns aparenta terem levado um banho de óleo ao sol. Com tanta emissão de CO2 na atmosfera as arvores ainda sobrevivem e servem como um refúgio ao pobre sertanejo. Nas lonjuras de todo o Norte brasileiro.

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